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A DOR QUE CONFIRMA QUEM SOMOS – GETSÊMANI – Lc 22.39-46

  • Foto do escritor: Marcus Nascimento
    Marcus Nascimento
  • 3 de fev.
  • 16 min de leitura

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INTRODUÇÃO:

O maior desafio na vida de quem assume a fé em Cristo, é enfrentar as adversidades como aparente paradoxo do desinteresse de Deus pelas coisas que vivenciamos no dia a dia. Parece, que estamos sós em todos os momentos de adversidades e sofrimentos.

No meio desse vendaval, temos a sensação de que iremos sucumbir, porque aparentemente não há saída e não sabemos como enfrentar. Definitivamente, estamos a um passo de jogar a toalha ao chão e desistir de tudo. Parece, que o sofrimento é maior que nós e a vida vai perdendo seu brilho e cor.


Em meio a tudo isso, precisamos responder à pergunta gritante em nós: Por que tudo isso? E é imperativo respondê-la, porque do contrário, não conseguiremos continuar, quando estamos prestes a desistir.


Sofrimento causa dores na alma e nos faz agonizar com respiração ofegante, perda de sono, incapacidade de buscar solução e um sentimento de paralisante. Naqueles momentos só queremos nos queixar e colocar para fora o último grito de desespero. O choro, a dor e o sentimento tomam conta e nos aprisionam no mais profundo quarto escuro sem luz, janelas e portas. Nossos sentimentos dizem, que estamos literalmente sem saída.


Evidentemente, respostas prontas e sem conteúdo não satisfarão nosso coração e a nossa mente. Pois, se por um lado o coração sente demasiadamente o impacto emocional dos problemas e desafios a serem enfrentados, por outro lado, a mente procura as saídas e as perspectivas de cada variável. De sorte que, precisaremos de respostas contundentes e profundas.  


Uma coisa é certa e inevitável, sempre nos deparemos com quadro desfavorável. E como seguidores de Cristo muito mais, porque em todo tempo ele foi testado no físico e no emocional. Nos evangelhos, Jesus foi colocado à prova. Ele foi testado e aprovado em tudo, quer nas ofensas, nos questionamentos do que era e fazia, na atribuição do que estava por detrás do que fazia, por sua filiação e pelo motivo que o levaram até a cruz.


No Getsêmani, aquele que reputamos como Pedro também o reputou de “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, passou por todas as coisas pelas quais iremos passar. Ele gotejou sangue no auge da sua dor plena, olhando fixamente para o que iria passar desde a traição de Judas até o seu clamor de abandono do seu Pai.


Esse contexto todo, nos deixará conscientes de que, não há lugar para a hipocrisia ou contradição. Não seremos furtados da fadiga, estresses, desilusões, ceticismo, frieza e tristeza. Inclusive o sentimento de desistir em função das dores psíquicas e físicas postas a nossa frente. Por outro lado, não poderemos seguir os sofismas humanos.


Nós fomos chamados para seguir ao mestre. Nós fomos ensinados na aula prática tudo o que nos foi dito na teoria, durante todo o seu ministério registado nas páginas dos evangelhos, mediante a autenticidade e veracidade da revelação bíblica se não exaustiva, mas completamente verdadeira.


Assim, enfrentar testes, conhecidos como tentações, não dependerá exclusivamente da força do braço do homem. Jesus nos ensina que a tentação é vencida, quando o estilo de vida está absolutamente dependente da vontade de Deus. De modo que, mostrarei o passo a passo de Jesus. 


ELE TINHA HÁBITO – V39

Nos versículos subsequentes, veremos Judas entregando o Senhor Jesus aos que estavam procurando-o, com o fim de prendê-lo e, consequentemente, matá-lo. Ele havia negociado com os principais líderes religiosos de Israel e receberia 30 moedas de prata pelo trabalho. Sua conduta absolutamente voltada para os dividendos financeiros apresentaram sua personalidade aos leitores dos evangelhos. Ele convivera por todo o ministério de Jesus, participando de todas as atividades e ouvindo cada ensino do mestre. Ele tinha todas as condições de avaliar o comportamento de Jesus, especialmente seus hábitos. E como foi fácil para Judas encontrá-lo.


Rapidamente ele chega ao lugar onde o mestre está. Evidentemente, como havia feito um trato de entregá-lo, trouxe consigo os algozes. Mas também, trouxe o povo, que ao invés de irem para suas casas como era costume na Páscoa, vieram para serem testemunhas contra aquele que os alimentara, os curara, os libertara das garras do inimigo espiritual e os ensinara. O mesmo Jesus que o povo dissera que fazia tudo bem.


Lucas inicia o versículo, enfatizando a vida em movimento de Jesus, usando o verbo SAINDO, que é usado para designar a mudança de um local para o outro. Seguido por outro verbo, FOI, que foca a ida para um destino específico. Portanto, ele coloca a si mesmo em direção a um destino, no caso específico o Getsêmani (Monte das Oliveiras), porque como diz o texto era costume de Jesus.


Isso é corroborado pela preposição (COMO), que significa estar de acordo, literalmente, pode significar "de acordo com" quando indica conformidade ou concordância com algo, indicando alguém separado devido ao seu costume (diariamente/ todos os dias) e afirmando toda a intensidade da sua vida e como ele a distribuía. É uma vida em concordância ao seu costume, transformando em uma norma, um padrão e um ideal. A preposição confirma o conceito de vida de Jesus e ser usada pelo autor, expressa claramente a solução encontrada pelo autor sobre uma temática tão complexa de padrão de conduta.


Além da preposição, o substantivo (COSTUME) fundamenta a importância da preposição, pois sua raiz e sentido etimológico significam: Ser costume, ser usado por hábito, maneira ou formalidade. É importante enfatizar, a ideia de que Ele cria o costume para ser usado como prática habitual, uma espécie de estatuto ou ordenança, que seria sua marca característica e assim, ensinar a forma de comportamento correta. Assim, Jesus tornou o seu hábito de se retirar para orar como sua lei e maneira de viver.


Há uma clara evidencia de que Jesus não vivia aleatoriamente e nem em contradição à missão dada por seu Pai. Toda a sua vida expressava aquilo que ele era. Não havia embaraço e nem se deixava se embaraçar; ensinava, não para transmitir conhecimento, mas como parte integrante e indissociável da sua conduta.


Hoje ouvimos um evangelho diferente da realidade de Jesus. Implantaram uma cultura gospel de receber, se apoderar, declarar e vencer em tudo, usando palavras de efeito, sem conexão ao ensinado por Cristo. Queremos criar pseudos atalhos, para vivermos a experiência da excelência do conhecimento de Cristo.


Essa cultura enfraqueceu a mensagem. O estilo de vida da igreja do Senhor Jesus não é o seu. Os hábitos da atual igreja não condizem com a sua profissão de fé. Ao invés de sermos luz e sal, estamos gerando interrogação nas pessoas e, talvez se conhecessem a revelação bíblica, perguntaria assim: De qual espírito sois?


Temos exemplos por toda a bíblia de homens, que decidiram viver segundo o padrão de Cristo, em especial vamos focar em Daniel. Ele viera na primeira leva de judeus, trazidos pelo rei Nabucodonosor à Babilônia. O rei escolhera dentre os cativos de Israel os melhores e mais sábios, a fim de treiná-los em todo o sistema de pensar e conhecimento da nação babilônica. Daniel começou a se destacar e, consequentemente, sofrer perseguições por aqueles que tinham ciúmes do seu crescimento e desenvolvimento diante do rei. Os inimigos criaram um ambiente (tentação), para acusar de desrespeito ao decreto real. A estratégia foi certeira e o resultado imediato, porque o acusariam exatamente na área mais importante para Daniel, isto é, sua relação com Deus.  Daniel orava três vezes ao dia da janela aberta do seu quarto, mesmo com as consequências do decreto real. Ele tinha um estilo de vida e seu costume o tornava presa fácil para os adversários. Foi fácil encontrar Daniel e levá-lo perante o rei, a fim de executar as penalidades do decreto. Seu costume era a sua regra e sua regra evidenciava seu modo de viver.


Irmãos querem vencer o sofrimento, a dor e a perseguição, mas não tem nenhum hábito, só procura a Deus nos momentos difíceis e ainda pergunta os por quês. Ficam atônitos, quando veem irmãos em outros lugares serem perseguidos e mortos por amor ao nome de Jesus. Se apoderam de discurso político ou social, para denunciar o que sempre foi a realidade da Igreja nas páginas do Novo Testamento. É preciso mudar o curso de viver, porque nem mesmo a vida nos pertence, uma vez que, a entregamos a Cristo.


O que Lucas quis nos fazer entender, que alguém que segue a Jesus, precisa ter o mesmo costume como regra de ter momentos a sós com o Pai. Não se vence batalhas, sejam elas do tamanho que for, se não temos o hábito de tempos a sós com o Pai.


ELE ESCOLHEU UM LUGAR DE COMUNICAÇÃO – v

Jesus havia escolhido o monte das Oliveiras, para ser o lugar de sua comunicação constante com o Pai. Evidentemente, esse lugar tinha total harmonia com a sua missão e, consequentemente, todas as implicações do seu sacrifício. Sabia que iria ser prensado físico e emocional, a fim de executar o seu propósito.


Entender o significado do Getsêmani é compreender o motivo pelo qual Ele escolhe esse lugar. Era um dos muitos hortos que se espalhavam pelas férteis encostas do Monte das Oliveiras, separado de Jerusalém pelo Cedron. Em aramaico, significa “prensa de azeite”, seguramente por causa das prensas para as azeitonas que eram produzidas pelos olivais plantados por todo o Monte. Seu significado básico é GET (pressão) e SEMANI (óleo, perfume, unção e frutificação).


Uma das características mais impressionantes da oliveira é sua perenidade! Elas crescem praticamente sob quaisquer condições seja nas montanhas ou nos vales seja nas pedras ou na terra fértil. Crescem tranquilamente sob o intenso calor, com pouca água e são quase indestrutíveis! Seu desenvolvimento é lento, porém contínuo. Quando é bem cuidada, pode atingir até 7 metros de altura. Até as oliveiras doentes continuam a lançar novos ramos! Algumas árvores têm troncos torcidos e velhos, mas sempre com folhas verdes.


Mesmo que estejam velhas, não deixam de lançar de si novos ramos e dar frutos! Até 10 ou mais mudas brotam das raízes longas, que buscam água nos lugares mais profundos da terra. Outro fator importante, mesmo cortada e queimada, novos ramos surgirão de sua raiz. Algumas brotam e crescem num sistema de raízes com mais de 2.000 anos de idade, mas o lavrador tem de esperar 15 anos para a colheita de uma árvore nova.


Foi exatamente no lugar de ser prensado, que o Senhor Jesus escolheu estar sempre em oração. Certamente, não foi a geografia o motivo da escolha, mas o seu significado, afinal, Deus é propositivo e tudo o que o faz pretender ensinar o caminho ou a forma e, por conseguinte, consolidar nosso estilo de vida.


Ele sabia que seria prensado pelos líderes dos judeus e também pelos gentios, representados pelo império. Tinha a exata percepção do sofrimento que o aguardava. Não fugiu e nem abandonou sua missão, mas sabia da necessidade de tomar a decisão definitiva de executá-la ou não e, para isso, escolheu o lugar que caracterizava seu estilo de vida. Ele fora enviado pelo Pai exatamente para esse momento de prensa e chegava a hora de realizar sua missão.


De modo que, ele escolhe esse lugar para manter contínua comunhão com o Pai. Ali era o lugar da afirmação de submissão, de coragem e de compromisso com o Pai e com tudo que ensinara e fizera. Ali era o lugar da decisão para realizar o ato final.           


Assim como a oliveira, nós fomos chamados por Deus, com o intuito de produzirmos frutos, independente do local onde formos plantados. Não importam as condições do terreno, mas sim, a nossa perseverança em frutificar ali. Deus nos chamou justamente para que sejamos "plantados" em solos hostis, para ali darmos os frutos necessários naquela situação.


Os frutos da Oliveira são as azeitonas. Mas de que nos servem as azeitonas? Sabemos que elas são uma fonte de comida, luz, higiene e cura. (cf Ex 27.20; Lv 24.2; Lc 10.34)


Há algo muito interessante nessa história, porque foi nesse mesmo monte que ele aparece aos discípulos antes de ser levado para o céu (At 1.12). Veja o prenúncio de uma realidade que aconteceria também aos seguidores, porque aconteceu com ele. Não é o discípulo maior que o seu senhor.


Deus em Cristo nos colocou no meio de pessoas, em lugares e circunstâncias difíceis e desafiadoras, onde choramos e nos alegramos, onde corremos e paramos, onde estamos motivados e desmotivados, onde construímos e destruímos. São contextos semelhantes aos desafios das oliveiras em sobreviver, crescer e dar frutos. Em nenhum lugar no novo testamento, há vida fácil para os seguidores de Cristo. Assim sendo, tudo o que passamos na vida é o nosso Getsêmani, é o nosso lugar de prensa. É a aonde vamos viver até a vinda de Cristo.


ELE ESTABELECEU A ORAÇÃO – V41

Seguindo a percepção de Lucas, Jesus estabeleceu a oração como instrumento de comunicação e de estar presente diante do Seu Pai. O autor deixou claro, que Jesus tinha o hábito de ficar a sós com o Pai, como também, escolhia o lugar em conformidade à realidade a ser enfrentada, para em seguida orar. Nesse sentido, o autor corrobora seu foco no escrito, usando o verbo no imperfeito descritivo de uma ação contínua no tempo passado (o evangelho foi escrito depois do evento).


É importante ressaltar, o espírito de humilhação de Cristo diante do Pai, ao POR-SE DE JOELHOS. A ideia fundamental é que Cristo curvou-se para baixo (veio como Servo), mostrando sua posição e condição diante do Pai. Não foi à toa, que em vários relatos no novo testamento, os apóstolos fizeram o mesmo gesto e com o mesmo significado. É o modelo do Mestre, que ensina seus seguidores, a replicarem não somente a forma e conteúdo, quanto a intencionalidade.


1.      Daniel mostrou definitivamente como deve se portar o servo diante do seu Senhor e Deus. Em Dn 10.12, usa a expressão “HUMILHAR-TE”. Significa olhar para baixo ou intimidar com olhar ou palavras; exprime a ideia de se submeter e enfraquecer-se.


2.      Em Dn 6.10 é dito que ele orava três vezes ao dia e dobrava os joelhos, para bendizer a Deus.


3.      Era como se Daniel de joelhos esperasse a bênção de Deus como resposta a sua oração. Sem dúvida, dobrar o joelho era o sinal da criatura para o criador.


O evangelista usa o verbo ORAVA. A palavra oração recebe um prefixo, que é a preposição PRÓS com significado PARA, indicando direção. De modo que, oração é o ato direto e intencional de se comunicar ou falar com Deus, tendo a devida reverência e direção. Assim, a nossa oração dirigida a Deus, representará a troca dos nossos desejos para os desejos de Deus.


A ideia da palavra oração é receber uma ordem para fazer algo contínua e repetidamente, na mesma direção e destino. Na estrutura verbal, fundamenta-se pelo presente do imperativo, cuja função exprime exigência e exortação. É a ordenação de uma ação em progresso, de continuidade da ação e de verificação do progresso da ação, indicando o objetivo da oração, isto é, coisa pela qual se ora.


Jesus nos ensina o motivo, que leva a sua mente a ficar detida e fixada na mesma direção, ou seja, se comunicando com o Pai. De sorte que, há uma clara ordem de oferecer uma oração a Deus como se fosse uma oferta e, consequentemente, adoração a Deus. Portanto, a oração é o instrumento de comunicação e adoração. Assim, quando somos ordenados a orar, a prerrogativa por detrás de tal ação é ter um diálogo aberto e ao mesmo tempo uma expressão de adoração.


Como tudo em Cristo não é feito aleatoriamente, no versículo 40, ao chamar os discípulos para a oração, ele estabelece as FINALIDADES DA ORAÇÃO:

NÃO CAIR EM TENTAÇÃO.


1.      CAIR é um verbo que está no infinitivo aoristo e não tem a ideia de tempo da ação (quando), mas a ação simplesmente realizada, isto é, vai fazer, mas não sabe quando a tentação viria. O autor narra a fala de Jesus, que avisa aos discípulos como eles não iriam para dentro da tentação.


2.       TENTAÇÃO. A ideia da palavra abrange teste ou prova, aflição e calamidade. Os discípulos foram desafiados a permanecerem em oração e não serem levados para as situações de tentação. Pois, a tentação representará situações testes, nas quais serão testados o carácter, a fé e resistência em seguir a Cristo, sejam por provações internas (no Ser Interior) ou externa. Cair em tentação ocasionará perseguição (Judas o entregaria), dificuldade (prisão e julgamento) e aliciamento ao pecado (negar). Se ser testado, tem o lado positivo, porque afirma fidelidade, integridade, virtude e constância; ser tentado tem o lado negativo, porque serão colocados em condições e situações que não estavam.


3.      Jesus ensina aos apóstolos, sem uma comunicação constante com Deus, serão alvos fáceis da tentação. Poderiam ser colocados em situações inesperadas e que trariam serias consequências para eles. O mesmo acontece conosco, somos tentados por termos descuidado da nossa vida constante de oração. Pois deixamos de perceber que tentação nos derrubará facilmente.


4.      Um exemplo visto na bíblia, foi o Rei Davi quando pecou com Bateseba. A ideia textual era que ele se levanta elevado, talvez tenha sonhado com grandeza pessoal, porque o contexto declara que havia paz, tranquilidade, prosperidade e honra ao seu redor e dentro da sua família. Daí, a máxima do homem de achar-se autônomo como se fosse um super-herói. O resultado dessa história, todos sabem, pecado e queda.


DEFINIR O GOVERNO DA VONTADE.

O autor narra a oração de Jesus. São palavras repletas de significados e intencionalidades claras. Jesus passa pelo pior momento da sua vida na terra. Ele sabe tudo o que ocorrerá com Ele a partir daquela hora. Como o Sumo Sacerdote que é, não tem dúvidas da sua missão e não pensa em fugir sob nenhuma hipótese. A narrativa de Lucas descortina o interior de Jesus.


1.      Ele usa a cláusula condicional (SE), com a função sintaxe grega para expressar condicionalidade e potencialidade, sendo usada para a formação de afirmação hipotética, perguntas e expressões de dúvidas ou incertezas. No caso específico do início da oração de Jesus, representa a conclusão determinada como cumprida, submetendo à conclusão e o seu significado da situação colocada por Jesus na oração. Jesus estava afirmando, que o pai pode passar o cálice, mas como Ele mesmo se submeteu a vontade do Pai ao vir (minha comida e bebida é fazer a vontade do Pai), mesmo com o pedido, o plano de Deus deve ser cumprido. Em outras palavras, Jesus diz ao Pai que a vontade do Pai deve prevalecer. Oração é isso: nossa vontade se submetendo a vontade do Pai.


2.      O cumprimento da missão era para ser realizada, mas as implicações criam a tentação física e emocional para a não realização da missão. No pensar de Jesus, fazer a vontade de Deus reafirmaria o compromisso com a realização do propósito, do conselho e do decreto de Deus. Assim, Jesus claramente afirma que a sua escolha e a sua preferência são pela vontade de Deus. Não pairava dúvida quanto aos propósitos de Deus, mas à dimensão física e emocional do sacrifício.


3.      O salmo 119.109 afirma que a nossa alma estará sempre na nossa mão, mas quem governará? Por isso, o Senhor da glória deixa claro que não há duplicidade na sua conduta. Ele veio para fazer a vontade de Deus e ensina aos filhos de Deus, afirmando que isso caracteriza o estilo de vida de quem o segue.


Há um RITMO nessa oração com Deus, expressa pela sua INTENSIDADE. Aparece um cenário de agonia – há uma luta, perturbação na mente e uma competição dentro de si mesmo. Esse é o momento crucial, porque há um travamento de luta interna e com uma profundidade que só Jesus sabe. Há um ambiente favorável para renunciar à missão. Mas, há uma clara atitude de quem quer que a vontade de Deus prevaleça (orava mais intensamente).


1.      Orava com + calor, + vigor, + decisão, + atenção e + fervor. É uma resposta à agonia, se você vem, aí é que eu oro. É impressionante o Senhor da Glória, porque reafirma sua credencial de sumo-sacerdote, pois ainda que passemos pelas maiores agonias, ele também passou. E mais, nos mostra o estilo de vida de quem é de Deus (vem agonia, ore com mais força, mas não pare de orar).


2.      Intensidade também fala de intenção, isto é, de colocar para fora a angústiaLiteralmente, ESTICAR PARA FORA. Então, a forma de vencer e fazer a vontade de Deus diante da agonia é orar com intensidade.


ELE ESTABELECEU CONFIANÇA EM DEUS - V45

Quando Jesus retorna, encontra os discípulos dormindo, mas não era um sono qualquer, era um sono que evidenciava os efeitos da tentação vivida por Jesus. Sabia que eles estariam passivos, por isso insistia para que eles estivessem em oração, a fim de NÃO serem puxados para dentro daquela prensa. O texto descreve que os discípulos estavam dormindo de tristeza e, por conseguinte, esclarece o significado dessa expressão.


1.      A ideia é que Jesus percebeu que o sono era profundo ao ponto de deixá-los como se os apóstolos estivessem mortos e sem força para reagir. Era um descanso/ repouso diferente, pois não havia paz e nem segurança em Deus. Essa sensação equivale aos momentos que acordamos com o corpo totalmente dolorido e fraco, fruto de lutas nos sonhos e de termos passado por vários lugares e várias situações. Repare que a ordem de Jesus não é permanecer dormindo, e sim, levantar e orar.


2.      Jesus, também, percebeu que o sono era carregado de tristeza. Isso indica um profundo pesar e agonia sofrida dentro do sonho por estar no lugar da prensa de Jesus. Eles sentem toda aquela situação vivida por Jesus, mas não suportaram.


Percebamos que o elemento principal de obedecer ao ensino de Jesus não foi atendido, porque se estivessem em oração, não passariam por essa situação. Há uma clara alusão ao fato de que as guerras espirituais devem ser vencidas com as armas espirituais. Aqui, então, vigiai e orai estão claramente ensinados.


Estabelecer confiança em Deus é saber que ele pode responder nossas orações, mesmo as que estão repletas de agonias internas ou externas. Que estabelecer essa relação exige de nós a decisão de viver dependendo dele, a despeito das adversidades. Mesmo que venhamos a nos deparar com momentos cruciais na nossa vida, vigiar e orar representará o mesmo estilo de vida de quem segue a Jesus.


Vigiai e orai para que não entre em tentação. Esse é o lema e as armas espirituais a serem utilizadas. Quando aparentemente a agonia for maior, a intensidade na oração tem de sobrepujar. Intensidade é a palavra-chave para quem está passando pela tentação e está orando para enfrentá-la. Se não nos firmarmos em confiança com Deus, não acordaremos em face às tentações. Por isso, Paulo nos escreve em II Co 4.7-10.


ELE DESAFIOU SEUS DISCIPULOS A TEREM O ESPÍRITO DESPERTADO (V45).

Jesus quer ensiná-los a despertar o espírito, quando pergunta o motivo pelo qual eles estão como se estivessem mortos (“por que estais dormindo”). Mas, não fica preso ao momento e nem cético quanto aos seus discípulos. Antes, os surpreende, ensinando o caminho de enfrentar todo esse sono e acordar.


Ele quer ensinar verdades fundamentais e para isso, pergunta o por que do sono permanente. Ele quer fazer os discípulos pensarem em tudo que viveram e tomarem as decisões acertadas, porque assim como Jesus foi o alvo, mais tarde eles seriam.


1.      LEVANTAI-VOS. É necessário mudar a postura ou a condição de repouso para uma postura de luta, de continuidade, de estar vivo, de ser perceptivo, de entender e compreender as coisas para não cair (ser lançado no chão) em tentação (teste). Ocupar a mente com essa verdade e realizar. Para afirma isso, ele usou um verbo que tem como raiz a palavra ressuscitar / erguer-se / ponha-se de pé, a fim de os mandar levantar para agir.


2.      ORAI. É o instrumento permanente para ficar de pé e de não entrar em tentação.

O texto de Esdras 1, onde é dito que Deus despertou o espírito do rei Ciro, a fim de que decrete o retorno dos judeus à Jerusalém, para reedificar o muro e edificar o templo. Ele era um homem extremamente ocupado, com centena de países para comandar, mas sua mente só pensava em como fazer esse decreto. Nada mais tinha prioridade ou ocupava sua mente. Ele procurou diligentemente cumprir a vontade de Deus como estilo de vida adotado em face aquela realidade.


Aprendi, que a maior demonstração do espírito despertado por Deus é viver em alerta permanente (viver pelo entendimento do que fomos feitos por Deus em Cristo) e agir com oração em todo tempo (orar em espírito) ou num lugar escolhido (quarto em secreto).   


CONCLUSÃO:

Vamos passar por muitas coisas até a vinda de Cristo. Contudo, a resposta que daremos a isso tudo, confirmará se aprendemos ou não com Cristo.


 
 
 

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